Sobre fins e recomeços
Dandara Pagu abre o coração sobre a sua separação e conta que, mesmo com a dor, dá para ver luz no fim do túnel
Separar é um dos processos mais desafiadores da vida adulta. A sensação de estar dividindo um espaço, uma rotina e, muitas vezes, sonhos com outra pessoa é tão intensa que, quando chega ao fim, deixa um vazio que pode ser assustador. Mas, ao mesmo tempo, é nesse vazio que a reconstrução começa.
Eu acabei de passar por isso. Não é fácil admitir que o que parecia ser eterno chegou ao fim. Dá medo, claro. Medo da solidão, do que os outros vão pensar, do que seremos sem aquela relação que, por tanto tempo, deu sentido a tanta coisa. Mas o que eu tenho aprendido — e quero compartilhar com você — é que a separação pode ser um recomeço até com umas surpresas boas no caminho.
Quando aceitamos o fim como parte natural do ciclo, também aceitamos que novos começos são possíveis
Surge um espaço precioso para você se conectar consigo mesma. É um momento de escutar suas vontades, redescobrir hobbies esquecidos e construir uma nova rotina que faça, até, mais sentido para quem você é agora. É o momento de se perguntar : “O que eu realmente quero?”
Existe dor, e essa dor precisa ser cuidada e vista com atenção. Mas há uma certeza que tem me ajudado: tudo passa e tudo chega ao fim. Isso não é um pensamento pessimista, é um fato inevitável da vida. Nem que seja com a morte, tudo que temos e vivemos, um dia, se encerra. Ter isso em mente é saudável e adulto, porque nos lembra de aproveitar o presente, honrar as histórias que vivemos e aceitar as mudanças com mais leveza. Quando aceitamos o fim como parte natural do ciclo, também aceitamos que novos começos são possíveis e que a vida segue.
E nos extremos dos tipos de recém-separados, temos coisas bem diferentes. Principalmente no que diz respeito à vida sexual. Há quem se sinta livre para querer “dar pra todo mundo” — como uma celebração da liberdade conquistada —, e há quem ache que nunca mais vai conseguir transar com ninguém – tomado por uma sensação de desânimo ou de medo de se abrir de novo. Mas acredite, não existe certo e nem errado. Esses sentimentos fazem parte do processo, não definem quem você é e, repare, você pode ser de um jeito no fim de uma relação e de outro, em no fim de outra.
E, apesar de ter esse nome “fim”, a separação não é o final de nada; é a chance de abrir as portas para novos começos. O medo estará lá, mas ele não é maior do que a força de se reinventar. Seja lá qual for o seu caminho, o importante é respeitar seu tempo e suas vontades. Quando você se percebe dona da própria história novamente entende que, apesar da dor, existe um alívio libertador.
Essa coluna é um lembrete: as despedidas doem, mas também curam. Não tenha medo de recomeçar. A vida sempre dá um jeito de florescer depois das tempestades.