Vira e mexe, o cheiro da vagina, ppk, xibiu ou buceta entra nos trends do twitter ou na pauta dos influenciadores de Instagram. Recentemente, um novo sabonete íntimo foi lançado com forte campanha nas redes e tem causado polêmica. É opinião para todo lado e, nessa hora, nada melhor do que recorrer às especialistas – e, spoiler: não há consenso para diversas questões, mas mesmo assim, há ensinamentos fundamentais para pessoas com vagina.
Vulva X vagina
“A grande questão nessa discussão é o que significa lavagem íntima. E aqui é fundamental a gente falar sobre o assunto, já que as pessoas não sabem diferenciar vulva de vagina. Lavagem interna da vagina [canal que liga a vulva ao útero] jamais deve ser feita com sabonete, qualquer que seja ele. Mas a vulva, que é a parte externa, pode ser lavada com sabão uma vez ao dia sem problemas”, afirma a ginecologista e colunista do UOL Larissa Cassiano.
Carolina Ambrogini, ginecologista e sexóloga, concorda: “O sabonete deve ser usado uma vez ao dia, mesmo que a pessoa tome mais de um banho. Deve ser passado externamente entre os lábios para limpar uma pequena secreção que fica acumulada lá – e somente isso!”, diz a médica, que também é colunista da Revista Crescer.
Na ginecologia natural, a recomendação é parecida. “A vagina é autolimpante, não precisa de nenhuma higienização. Para a vulva, entre os lábios, onde acumula secreção, é bom higienizar todos os dias, e pode ser sem sabão, só com água. Mas se a pessoa se sentir melhor passando sabonete, faça isso apenas uma vez por dia, dando preferência aos sabonetes naturais. Assim como a pele, o sabonete usado mais de uma vez, tira a proteção natural daquela região”, diz Débora Rosa, ginecologista natural.
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Sabonete em barra, pode?
Carolina e Larissa não recomendaram o uso de sabonete em barra na lavagem da vulva. Foram categóricas ao dizer que, se vai usar algum sabão, que ele seja líquido. “Os de barra, passam nas outras partes do corpo e também no corpo de outras pessoas da mesma casa, o que não é recomendado. Com o sabonete líquido não há esse problema”, diz Larissa.
Carolina lamenta que o pior tipo de sabonete para a vulva seja justamente o mais usado pelas brasileiras: “O sabonete em barra deve ser evitado, por conta do seu pH, que é mais básico e pode interferir no pH da vagina. Para Débora, é fundamental ficar de olho na composição dos ingredientes. “Fuja dos sabonetes industrializados”. Ela recomenda os que na composição tem ingredientes naturais: “Com barba de timão e óleo essencial. Sem derivados de petróleo ou ingredientes disruptores hormonais”.
Sabonete íntimo é vilão?
A doutora Carolina Ambrogini diz que o sabonete íntimo não precisa ser demonizado. “Não existe nenhum artigo científico que corrobora com seu uso ou não”. Larissa Cassiano faz o mesmo alerta: “Não existem pesquisas suficientes dizendo que passar o sabonete íntimo faz mal, mas também não existem pesquisas dizendo que faz bem”. E reforçamos: para quem gosta de lavar com sabão, o melhor mesmo é o líquido – só na vulva e nunca em muita quantidade – , de preferência, sem corante e odor.
Lavar só com água é o ideal?
A gente sabe que o povo adora uma regra, mas aqui não há consenso. Débora, a ginecologista natural, recomenda a lavagem apenas com água. “A vulva pode muito bem ser lavada só com água, mas se quiser muito passar um sabonete, nunca passe mais do que uma vez por dia. Isso não quer dizer pra não passar sabonete nos pelos pubianos e na virilha, tá? Na região perianal, de onde saem as fezes e a flora é bem diferente da vagina, é bem importante passar sabonete. Uma vez por dia e de preferência depois de evacuar “, diz.
Para Larissa, é possível lavar a vulva apenas com água, “mas pensando na realidade brasileira, de um país quente onde transpiramos muito, o sabonete acaba sendo usado por muitas mulheres”. E reforça: “nesses casos, o melhor é usar os sabonetes líquidos”.