Estou de volta às novelas – e esse é mais um recomeço
Carol Dieckmann está novamente na telinha da Globo em “Vai na Fé”, novela das 19h. Aqui ela relata as emoções de levar uma vida que, de certa maneira, se mescla com a das suas personagens
Fazer novela.
Voltar a fazer novela… Fica melhor assim.
São trinta anos aqui. A maior parte da vida, um apanhado gigantesco de memórias, quase sempre confusas entre eu e o que fiz de mim pra cada papel.
Aprendi a contar o passado de acordo com o trabalho da época, tipo assim: perdi a virgindade na Claudinha. Viajei sozinha pela primeira vez na Açucena. Conheci meu primeiro marido em Malhação Férias, fazendo a July.
Perdi um filho na Catarina. Me separei pela primeira vez do meu primogênito pra ir com a Camila pro Japão. Vi meu casamento acabar na Edwiges, sofri… Mas reencontrei meu crush de infância com ela também. E voltei a sorrir.
Depois veio a segunda gravidez no fim da Leona, e parei de amamentar para surfar na Suzana.
Fui embora do Brasil depois da Lara da Regra do Jogo, e cá estou de novo, pra ser Lumiar em Vai na Fé.
Não sei falar de mim de outro jeito.
Gosto de sentir minha história misturada com aquilo que escolhi fazer.
E gosto de ter escolhido me dedicar a algo que, de uma certa forma, conta a história do meu povo, tanto ou mais que a minha.
Sou apaixonada pela oportunidade de entrar na casa das pessoas.
De tantas vezes ver a novela ditar os assuntos através dos temas, dos dramas.
De algumas vezes ter virado moda. De ser lembrada quando toca aquela música do beijo dos mocinhos. Ou dos cabelos caindo em câmera lenta.
Fico feliz quando o cara do mercadinho diz que quer me ver na tevê.
E mais feliz ainda de saber que qualquer um pode ver.
Que não tem ingresso pra pagar e nem distância pra respeitar.
Que tem gente que compra televisão antes de ter um fogão.
E que, mesmo que eu tenha outra opção, fazer novela sempre toca o meu coração.
Pois é, estou de volta.
E toda volta é recomeço.