Quando uma mulher está no auge? Tem muita gente pronta pra dar opinião. A mídia, o Google, a sociedade, a ciência e até o ChatGPT, mas pode reparar que nenhuma das respostas leva em conta a maturidade e o envelhecimento. E como esse é um caminho comum a todas nós, talvez essas definições não reflitam a realidade.
Nada contra o auge físico ou do colágeno na pele. Nada contra, também, o auge profissional. Mas há muitos outros auges e posso garantir, são igualmente importantes e impactantes. Afinal, auge é auge, não é mesmo?
Cada fase da vida tem seu auge
Entre os 20 e os 30 anos dizem que estamos no ápice da juventude e da beleza, mas temos também o auge da segurança, da determinação, da potência sexual, da sabedoria. Não seria exagero dizer, então, que cada fase da vida tem seu auge.
Desde muito novas, somos bombardeadas com a ideia de que nosso valor está na juventude, no rosto sem marcas, na fertilidade, no sucesso profissional. Definições etaristas e machistas que não escutam quem mais importa: nós mesmas.
Sei que no contexto em que vivemos é muito difícil não se deixar levar por esses conceitos prontos e deixar passar a riqueza que o tempo traz. Mas justamente por isso é urgente que a gente traga nosso auge pra nós, fugindo de marcadores externos e acolhendo mais a maturidade.
Outra coisa curiosa é que, para muitas de nós, o auge físico vem acompanhado de tanta insegurança, que mal conseguimos curtir. É preciso muita confiança e uma dose de resistência para assumir um auge. Então, me parece injusto demais dizer que, justamente quando você se sente potente, ops, já passou. Para as mulheres negras existem camadas extras de opressão, preconceito e estereótipos que turvam ainda mais essa visão. Enxergar o auge é um processo.
Quando cheguei aos 40, me senti tão potente. Era o momento de valorizar a experiência e a sabedoria adquiridas, meu sucesso profissional. E, confesso, eu estava bem mais preparada para bater no peito e assumir que aquele era, sim, meu auge.
Hoje, na casa dos 50, minha percepção mudou novamente e me sinto no auge por ter, enfim, adquirido uma paz com a mulher que me tornei. Me orgulho da luta contra as pressões externas, que já não me afetam tanto. E, olhando para mulheres ainda mais velhas, admiro o auge da sabedoria adquirida, um jeito de olhar pro mundo com o ar de satisfação e trabalho bem feito. De vida bem vivida.
Uma mudança notável que percebo é que passei a investir no que vale a pena e fui abandonando o que não cabia mais. Maturidade é isso, saber escolher trabalhos, hábitos, amizades e até expectativas.
Com as redes sociais e a publicidade jogando contra e supervalorizando a juventude, fica difícil perceber que nosso auge não está no que os outros veem, mas, sim, no que nós mesmas vemos ao olhar para dentro. Seu auge é hoje, é aqui e agora, não importa a idade. Até porque o correto seria falar em auges, no plural.
Quantas vezes ouvimos mulheres dizerem que se sentem no melhor da sua vitalidade aos 50? Que aos 60 encontram uma liberdade que nunca experimentaram antes? Ou que quando chegaram aos 70 conseguiram, finalmente, ficar em paz com quem são? Se isso não é auge, minhas amigas, precisamos urgentemente ressignificar esse conceito.
Passou da hora de valorizarmos cada uma das nossas transformações, cada renascimento. Podemos, inclusive, fazer isso juntas, emprestando das mais jovens a sororidade que não nos foi ensinada, apoiando umas às outras, ao lado de aliados como Botik, que mais do que fazer parte do nosso skincare cuidando da pele, acompanha nosso envelhecimento com respeito, ajudando a gente a achar o auge até na menopausa, quando o mundo insiste em nos diminuir.
Esse é um convite pra que a gente tenha uma relação mais íntima com nosso auge. Que ele pertença a cada uma de nós, em nosso próprio tempo e à nossa própria maneira. E sim, os auges devem ser celebrados. Sempre.