No Brasil, citar o nome de um jogador de futebol ou de um pugilista negro não é um desafio, mas pensar o nome de um tenista, um esgrimista ou uma amazona negra, é quase missão impossível.
Seja com bola, sem bola, com taco, na quadra, em campo, nas pistas, ou no octagon, as desigualdades sociais sempre estão presentes. A existência de um maior número de negros no futebol ou boxe está relacionado ao custo benefício e à acessibilidade. Na periferia, qualquer garrafa pet vira bola e basta fechar os punhos que qualquer jovem está pronto para a luta.
O mesmo não acontece nos esportes de elite, que leva esse nome por ser modalidades esportivas mais praticadas pelas classes mais altas, ou seja, no Brasil, brancos. Nessas modalidades o acesso, o equipamento, a mensalidade, tudo é mais caro.
Para democratizar o acesso às diferentes modalidade esportivas e mostrar que não é impossível encontar pretos até nos esporte de elite, o Afro Esporte, um laboratório de conteúdo especializado na gestão de carreira de atletas negros, negras e LGBTQIA+, iniciou o Mapeamento Afro Esporte, uma lista de coletivos e grupos esportivos com foco em pessoas negras espalhados pelo Brasil.
01. Surfistas Negras
Modalidade: Surf
Criado por Érica Prado, jornalista e ex-surfista profissional, o grupo Surfistas Negras busca gerar mais representatividade negra no mundo do surf e dar visibilidade às atletas. O movimento foi criado em 2019 e já promoveu diversas ações, como encontro de surfistas negras do Brasil, rodas de conversa e aulas de surfe.
Faça parte: @surfistasnegras
02. Coletivo Negritude Outdoor
Modalidade: esporte extremo
Fruto do engajamento de dois amigos, o sociólogo Denilson Silva e o designer Leonardo Ferreira, o coletivo Negritude Outdoor promove o encontro de pessoas pretas para praticarem esportes de aventura, dentre elas rapel, escalada, montanhismo, trekking e corrida extrema. Não precisa ser um super profissional, a iniciativa abraça todas as pessoas que simplesmente gostam da natureza.
Faça parte: @negritudeoutdoor
03. Ubuntu Yoga
Modalidade: Yoga
Fundada pela instrutora de yoga, tecidista e dançarina Tati Cassiano, a Ubuntu Yoga é um espaço de acolhimento especialmente para pessoas negras que estão em busca de autoconhecimento e de conexão com o corpo e o espírito por meio da yoga. Através de rodas e encontros regados a muitas trocas de saberes ancestrais, o Ubuntu yoga auxilia na restauração das feridas abertas com empatia e afeto.
Faça parte: www.ubuntuyogabrasil.com/ – @ubuntuyogabr
04. Bici Preta
Modalidade: Ciclismo
O projeto começou em 2015 como um Bike-Café-Poético. Criado pelas amigas Lívia Suarez e Maylu Isabel, o negócio cresceu e virou o projeto “Preta, Vem de Bike”. A iniciativa ensinou mais de 400 mulheres a pedalar. Assim nasceu A Bici Preta, um empreendedorismo social que incentiva o uso da bike como transporte sustentável que ajuda na independência financeira de mulheres negras. Além de aulas de bicicleta, workshops e eventos, a Bici Preta possui aluguel de bike, oficina, city tour de bike e costumização de bicicletas.
Faça parte:@bicipr3ta www.lafridabike.com
05. Conecte-se Club Fit
Modalidade: aeróbico, funcional, dança, pilates e outros
A ConecteSe Club Fit surgiu com a proposta de ser a primeira plataforma conectada à identidade étnica do universo fitness. Criado pela jornalista Tati Sacramento, o ConecteSe Club Fit possui o método que busca criar uma rotina saudável, através do Protocolo AMEE: Alimentação, Mentalidade, Exercício e Emocional. Toda a equipe é formada por uma equipe interdisciplinar de profissionais negros.
Faça parte: https://conecteseclubfit.com/
06. Afro Game
Modalidade: e-sport
Criado em 2019, o Afro Games é uma iniciativa idealizada pelo Grupo Cultural Afroreggae em parceria com a Chantilly Produções. O Afro Games é o primeiro centro de formação de atletas de E-sports em favelas do mundo. O objetivo é utilizar a educação e a tecnologia como estratégias para transformação social e geração de renda por meio da criação do primeiro time profissional de eSports dentro de uma favela no mundo e de um centro que forma atletas com alto potencial competitivo em diferentes segmentos.
Faça parte: @afrogamesbr https://afrogames.com.br/
07. Associação Desportiva Lusaca
Modalidade: futebol
A Associação Desportiva Lusaca é um clube Afro-baiano que resgata as raízes africanas através do esporte. Fundado em 2007, por Ruan Conceição Santos, com foco em representar e enaltecer a cultura afro-baiana. O nome vem do povo Lusaka, a capital da Zâmbia, país africano. A camisa é cheia de significado e força: no centro do escudo tem um caboclo, um símbolo da Independência da Bahia e as cores, verde, amarelo e vermelho, uma homenagem aos países africanos. Além de revelar inúmeras jogadoras, o time possui equipes em diversas categorias e todas as modalidades com times masculinos e femininos.
Faça parte: @lusacaoficial
08. prjct run
Modalidade: Corrida crew
Fundado por Débora Taylor e Ton Hamilton, o prjct run surgiu para promover a questões raciais no mundo da corrida. No grupo, não importa o preparo físico ou idade, o Prjct run é um grupo Crew, ou seja, um grupos de corrida focados apenas no prazer da atividade física. Nada de planilhas de treinos ou preocupação com paces, o importante é se divertir. Para ser acessível, os encontros acontecem no centro de São Paulo, então, se você cruzar com uma galera preta de corredores e corredoras com uma caixinha de som, pode apostar que é o crew Prjct run.
Faça parte: @prjctrun_
09. Afro Fitness
Modalidade: Treinamento Funcional
O projeto Afro Fit surgiu em 2019, fundado por Luciana Dorneles, Kauê Kamau e Gelson Vidarte Júnior. Através de conversas informais entre coletivos de pessoas pretas, surgiu a necessidade de tratar sobre a saúde da população negra através da prática de exercícios. O grupo realiza encontros em praças e parques para a prática de treinamento funcional, utilizando apenas o peso corporal.
Faça parte: @afrofitprojeto
10. O Clube Náutico Cruz e Sousa
Modalidade: remo
O Clube Náutico Cruz e Sousa surgiu em Itajaí em 1919, formado apenas por portuários negros, que não eram aceitos nos outros dois clubes da cidade. O nome escolhido foi uma homenagem ao poeta negro Cruz e Souza. O grupo era dirigido por um grupo de mulheres negras, Na época, a presidenta do clube Etelvina Vieira realizava bingos para cobrir as despesas elevadas para um clube de operário. Em 1930 o clube encerrou as suas atividades.
Faça parte: Esse grupo está extinto, infelizmente o Clube é pouco lembrado, não existe um museu, ou um salão de fotos. Compartilhe e conte essa história para que mais pessoas saibam que um dia existiu um grupo de remo formado apenas por pessoas negras e liderado por mulheres.